"E que a minha loucura seja perdoada, por que metade me mim é amor e a outra também."

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pico Matutino

Aquele acordar cedo que nem te deixa dar aquela espreguiçada gostosa que te faz lembrar o motivo de ter ido dormir tão tarde ou de ter ficado sem dormir todo o final de semana, porquê ele é curto demais pra esquecer e/ou fugir daquela longa e "apurrinhenta" semana de trabalho na movimentada metrópole. O cafezinho preto pra levantar os ânimos da já conhecida "segunda da ressaca" vai se sacudindo com as paradas nas estações do metrô lotado dentro daquele copo de plástico mal feito da lojinha de café instantâneo que fica ali na esquina da sua casa, até porquê não dá pra ir mais longe, seja com a caminhada ou com um passeio naquela bicicleta que você comprou pela internet a seis meses e ainda não foi capaz de usar por conta da correria que te atormenta sempre.
Era até gostoso de olhar aquelas saias justas com blusas sociais, ou aqueles ternos que nem pareciam esquentar no calor do Centro do Rio, de tão bonitos. Eu não conhecia a marca e nem me importava se eram feitos na Europa ou ali na costureira do Tingua, o fato era que eles davam um status de importância que eu costumava almejar, e quando finalmente consegui, quando finalmente eu fiz parte daquela multidão que sobe e desce as escadas que levam aos precários transportes coletivos, eu vi que não valia tanto a pena. Quero dizer, não valia nada a pena. Não era um bom negócio trocar um café da manhã não instantâneo por aquela correria que me fazia esquecer o pão dentro do armário da cozinha por nunca comer, não era bacana não ter pra quem cozinhar, aliais eu nem sabia mais cozinhar. E olha que minha mãe me deixou boas receitas, receitas que eu perdi na mudança daquela casa  com quintal, onde meus pais moravam, pro apartamento menorzinho que eu tinha condições de passar o aspirador de pó de vezes em quando pra não me atacar a rinite.
Ta ficando tenso ter que olhar pra essa parece de tijolos sempre que eu acordo com o barulho do trem passando, ta ficando irritante não poder morar num lugar mais apropriado por causa daqueles jovens ambiciosos que trazem sempre um currículo melhor do que o meu com seus exames de Cambridge e afastam cada vez mais a minha promoção à escritora contratada, uma vez que eu fui confundida com revisora dos erros de português desses "escritores novinhos" que não sabem nem empregar uma virgula direito, e diga-se de passagem que eu adoro a literatura contemporânea e admiro essas jovens cheios de gás.

Pode- se dizer então que vale sim tomar um café de manhã não instantâneo na bancada da cozinha, que eu vou gostar de ter que varrer as folhas no quintal de vez em quando e de ter que demorar uns 40 min. pra conseguir chegar no escritório, a fim de na volta passar no mercado pra comprar os ingredientes pra janta que eu vou fazer pra aquele carinha especial que eu penso todos os dias de manhã quando me espreguiço jurando que não vou mais passar a noite acordada fazendo planos com ele no telefone _ por mais que eu saiba que vou fazer isso sempre; ou escrevendo meu próximo romance que vai ser publicado com as vírgulas colocadas nos lugares certos. 

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"Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Pensar é um ato. Sentir é um fato. O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares delas. E dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida. Porque há direito ao grito. Então eu grito. Grito puro e sem pedir esmola." Clarice Lispector, em "A hora da estrela".
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